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domingo, 29 de junho de 2014

A Arqueologia e a Bíblia

Das muitas definições dadas à Bíblia, é provável que uma das mais interessantes tenha sido a de Gerald Wheeler que definiu a inspiração como “Deus falando com sotaque humano”. De fato, a Bíblia é a Palavra do Altíssimo entrando em nossa história e participando ativamente dela.

Logo, seria interessante lembrar que as Escrituras Sagradas não nasceram num vácuo histórico. Elas possuem um contexto cultural que as antecede e envolve. Suas épocas, seus costumes e sua língua podem parecer estranhos a nós que vivemos num tempo e geografia bem distantes daqueles fantásticos acontecimentos, mesmo assim são importantíssimos para um entendimento saudável da mensagem que elas contêm.

Como poderíamos, então, voltar a esse passado escritúrístico? Afinal, máquinas do tempo não existem e idéias fictícias seriam de pouco valor nesta jornada. A solução talvez esteja numa das mais brilhantes ciências dos últimos tempos: a Arqueologia do Antigo Oriente Médio.

Usada com prudência e exatidão, a Arqueologia poderá ser uma grande ferramenta de estudo não apenas para contextualizar corretamente determinadas passagens da Bíblia, mas também para confirmar a historicidade do seu relato. É claro que não poderemos com a pá do arqueólogo provar doutrinas como a divindade de Cristo ou o Juízo final de Deus sobre os homens. Esses são elementos que demandam fé da parte do leitor. Contudo, é possível – através dos achados – verificar se as histórias da Bíblia realmente aconteceram ou se tudo não passou de uma lenda. Aí, fica óbvio o axioma filosófico: se a história bíblica é real, a teologia que se assenta sobre essa história também o será. Talvez seja por isso que ao invés de inspirar a produção de um manual de Teologia, Deus soprou aos profetas a idéia de escreverem um livro de histórias que confirmassem a ação divina em meio aos acontecimentos da humanidade.

Como tudo começou

Dizer exatamente quando começou a arqueologia bíblica não é tarefa fácil. Na verdade, desde os primeiros séculos da era cristã já havia pessoas que se aventuravam na arte de tirar da terra tesouros relacionados à história da Bíblia Sagrada. Helena, a mãe de Constantino, foi uma dessas “pioneiras” que numa peregrinação à Terra Santa demarcou com igrejas vários locais sagrados onde supunham ter ocorrido algum evento especial. Muitos destes locais servem até hoje de ponto turístico no Oriente Médio.

As técnicas porém desses primeiros empreendimentos eram bastante duvidosas e o fervor piedoso levava as pessoas a verem coisas que na verdade nem existiam. Aparições de santos, sonhos e impressões eram o suficiente para demarcar um local como sendo o exato lugar da crucifixão ou do nascimento de Cristo.

Mas a partir do final do século XIII, a arqueologia das Terras Bíblicas começou finalmente a ter ares de maior rigor científico. A descoberta acidental da Pedra de Roseta, ocorrida em 1798, levou vários especialistas a se interessarem pela história do Egito, da Mesopotâmia e da Palestina, descobrindo um passado que há muito se tinha por perdido.

Babilônia, Nínive, Ur e Jericó foram apenas algumas das muitas localidades que começaram a ser escavadas revelando importantes aspectos da narrativa bíblica. Para os críticos que na ocasião levantavam argumentos racionalistas contra a Palavra de Deus, os novos achados representavam um grande problema, pois desmentiam seus arrazoados confirmando vários elementos do Antigo e do Novo Testamento.

Um exemplo pode ser visto no próprio ceticismo com que encaravam a existência de uma cidade chamada Babilônia. Muitos pensavam que tal reino jamais existira. Era apenas o fruto mitológico da mente de antigos escritores como Heródoto e os profetas canônicos. Até que, finalmente, suas ruínas foram desenterradas em 1899 pelo explorador alemão Robert Koldewey, que demorou pelo menos 14 anos para escavar as suas estruturas.

Mais tarde veio a descoberta de várias inscrições cuneiformes que revelaram o nome de pelo menos dois personagens mencionados no livro de Daniel, cuja historicidade também tinha sido questionada pelos céticos. O primeiro foi Nabucodonosor, o rei do sonho esquecido e o segundo, Belsazar que viu sua sentença de morte escrita com letras de fogo nas paredes de seu palácio.

Contribuições adicionais

Além de ajudar tremendamente na confirmação de episódios descritos na Bíblia, a arqueologia presta um grande serviço ao estudo elucidativo de determinadas passagens. Graças a ela, é possível reconhecer o porquê de alguns comportamentos estranhos à nossa cultura. É o caso de Raquel roubando deliberadamente os “ídolos do lar” que pertenciam a Labão, seu pai (Gn 31:34). Aparentemente o delito parecia ter um fim religioso, mas antigos códigos de lei sumerianos revelaram que naquela época a posse de pequenos ídolos do lar (comumente chamados de Terafim) era o certificado de propriedade que alguém precisava para firmar-se dono de uma terra. Caso os ídolos fossem parar nas mãos de outra pessoa, essa se tornava automaticamente a proprietária dos terrenos que eles demarcavam. Por serem pequenos, poderiam facilmente ser roubados e cabia ao dono o cuidado de guardá-los para não ser lesado. Foi portanto num descuido de Labão que Raquel roubou seus ídolos (ou seja suas escrituras) com o fim de entregá-los posteriormente a Jacó, e fazer dele o novo senhor daquelas terras. Tratava-se, portanto, de uma tentativa de indenização do esposo pelo engano que o levou a sete anos extras de trabalho nas terras de seu pai.

Várias palavras e expressões antigas também tiveram seu significado esclarecido pelo trabalho da arqueologia. O nome de Moisés, que certamente não era de origem hebraica pode ter sua explicação na raiz do verbo egípcio ms-n que significa “nascer ou nascido de”. Não é por menos que muitos faraós e nobres da corte egípcia tinham o seu apelido formado pela junção desse verbo e do nome de uma divindade. Por exemplo: Ahmose (“nascido de Ah, o deus da lua”); Ramose (“nascido de Rá, o deus sol”), Thutmose (“nascido de Thot, outra forma do deus da lua”). É possível que Moisés (ou em Egípcio Mose) também tivesse originalmente o nome de um deus local acoplado ao seu próprio nome. Talvez fosse Hapimose (o deus do Nilo) uma vez que, de acordo com Êxodo 2:10, a rainha escolheu chamá-lo assim, porque das águas do Nilo o havia tirado.

Uma embaraçosa situação entre Jesus e um discípulo também pode ser esclarecida pela arqueologia. Trata-se do episódio descrito em Lucas 9:59, onde o Senhor aparentemente nega a um jovem que queria seguir-lhe o direito de sepultar o seu próprio pai. Olhando pela cultura moderna ocidental, dá-se a impressão que o pai do moço estava morto em um velório e que ele estaria pedindo apenas algumas “horas” a Cristo para que pudesse seguir o féretro e, logo em seguida, partir com o Senhor. Um pedido, a princípio, bastante justo para não ser atendido!

Mas as dificuldades se esvaem quando entendemos pelo resgate arqueológico que, naquela época (e também hoje, nalguns idiomas como o árabe e o siríaco), a expressão “sepultar o meu pai” seria um idiomatismo que nem de longe indicava que seu pai houvesse recentemente morrido! Tanto o é que o episódio se dá “caminho fora” (Lc. 9:57). Se o pai do jovem houvesse morrido o que estaria ele fazendo à beira da estrada? Na verdade, essa expressão idiomática significava que o pai estava sadio e feliz e que seu filho prometia sair de casa apenas depois que ele morresse.

Ademais, segundo o costume oriental, quando o pai morria, o filho mais velho ficava encarregado do seu sepultamento, mas esse também não ocorria imediatamente após a sua morte. Primeiramente o corpo era banhado, perfumado e envolvido num lençol para ser depositado numa gruta tumular onde ficava deitado sobre uma cama de pedra por um ano ou mais até que a carne houvesse completamente sido decomposta restando apenas os ossos. Então, nesse dia, o filho retirava a ossada de seu pai, colocando-a delicadamente num pequeno caixão de pedra (conhecido como ossuário) e, somente aí, tinha-se finalmente completado o “sepultamento”, isto é, vários meses após a morte do indivíduo.

Com esse pano de fundo trazido dos estudos arqueológicos o diálogo de Jesus com aquele jovem passa a ter outra dimensão. Esclarece-se a questão e torna o texto mais compreensivo e agradável de se ler.

É curioso como a Bíblia – evidentemente usando uma figura de linguagem – descreve a teimosia do rei do Egito com a ideia de que Deus endureceu (literalmente “petrificou”) o coração de Faraó. O estudo das línguas orientais mostra que Deus muitas vezes é colocado como autor daquilo que Ele na verdade apenas tolera. É um limite do idioma e nada mais. Nós também temos as mesmas limitações em nossa língua pátria: quando dizemos a alguém “vá com Deus” ou “que o Senhor te acompanhe” não estamos com isso negando a onipresença do Altíssimo como se Ele precisasse “ir” a um lugar onde já não estivesse. Também não estamos de maneira nenhuma nos matando quando dizemos: “Estou morto (isto é, cansado)!”

A ideia de um faraó de coração duro pode ser ainda mais esclarecida se atentarmos para o fato de que o estudo de várias múmias revelou o estranho costume egípcio de colocar dentro do corpo mumificado um escaravelho de pedra bem no lugar do coração. Esse amuleto servia ao defunto como uma espécie de salvo conduto no juízo final perante Osíris. Um coração normal (que era pesado na balança da deusa Ma’at) poderia denunciar os seus pecados fazendo-o perder um lugar no paraíso. Mas um coração de pedra, enganaria os deuses. Ocultaria os erros que ele cometeu garantindo-lhe o paraíso, mesmo que houvesse levado uma vida de constantes pecados. Ter, portanto, um coração duro (ou “de pedra”) era para Faraó a certeza de uma salvação forjada à custa do engano dos deuses! Daí a forma irônica e eufemística de dizer: “Deus endureceu o coração de faraó”.

Arqueologia do Antigo Testamento

Estes são alguns dos principais achados alusivos ao Antigo Testamento:
1 – Leis mesopotâmicas – uma coleção de várias leis datadas do terceiro e segundo milênios antes de Cristo que ilustram em muitos detalhes o período patriarcal. O conhecido código de Hamurabi (c. 1750 a.C.) é uma delas.

2 – Papiro de Ipwer – trata-se da oração sacerdotal de um certo egípcio chamado Ipwer que reclama junto ao deus Horus as desgraças que assolavam o Egito. Entre elas ele menciona o Nilo se tornando em sangue, a escuridão cobrindo a terra, os animais morrendo no pasto e outros elementos que lembram muito de perto as pragas mencionadas no Êxodo.

3 – Estela de Merneptah – uma coluna comemorativa escrita por volta de 1207 a.C. que conta as conquistas militares do faraó Merneptah. É a mais antiga menção do nome “Israel” fora da Bíblia. Alguns céticos insistem em negar a história dos Juízes dizendo que Israel não existia como nação naqueles dias. Porém, a Estela de Merneptah desmente essa afirmação ao mencionar Israel entre os inimigos do Egito.

4 – Textos de Balaão – fragmentos de escrita aramaica foram encontrados em Tell Deir Allá (provavelmente a cidade bíblica de Sucote). Juntos eles trazem um episódio na vida de “Balaão filho de Beor” – o mesmo Balaão de Números 22. Os textos ainda descreviam uma de suas visões, indicando que os cananitas mantiveram lembrança desse profeta.

5 – Estela de Tel Dã – outra placa comemorativa, desta vez da conquista militar da Síria sobre a região de Dã. Encontrada em meio aos escombros do sítio arqueológico, a inscrição trazia de modo bem legível a expressão “casa de Davi” que poderia ser uma referência ao templo ou à família real. Porém o mais importante é que mencionava pela primeira vez fora da Bíblia o nome de Davi, indicando que este fora um personagem real.

6 – Obelisco negro e prisma de Taylor – Estes artefatos mostram duas derrotas militares de Israel. O primeiro traz o desenho do rei Jeú prostrado diante de Salmanazar III oferecendo tributo e o segundo descreve o cerco de Senaqueribe a Jerusalém, citando textualmente o confinamento do rei Ezequias.

7 – Inscrição de Siloé –  encontrada acidentalmente por algumas crianças que nadavam no tanque de Siloé, essa antiga inscrição hebraica marca a comemoração do término do túnel construído pelo rei Hezequias, conforme o relato de II Crônicas 32:2-4.

Arqueologia do Novo Testamento

Estes são alguns dos principais achados alusivos ao Novo Testamento:

1 – Ossuários de Caifás e (possivelmente) Tiago irmão de Jesus – Alguns ossuários costumavam trazer uma inscrição com o nome da pessoa que estaria ali. Sendo assim, dois ossuários chamaram a atenção dos arqueólogos. O primeiro foi encontrado em 1990 e legitimado como sendo do mesmo Caifás mencionado em Mateus 26 e João 18. Já o segundo, cuja autenticidade é disputada entre os especialistas, pertenceria a Tiago, um dos irmãos de Jesus conforme o texto de Mateus 13:55. Caso se demonstre verdadeiro, este ossuário será a mais antiga menção do nome de Jesus que temos notícia.

2 – O esqueleto do crucificado – Um outro ossuário encontrado em 1968 revelou a ossada de um certo Yehohanan (“João” em aramaico) que morrera crucificado. Seu calcanhar ainda trazia um pedaço torcido do prego romano. Esse foi o único exemplar de um crucificado de que temos notícia. Graças ao seu estudo foi possível levantar importantes detalhes sobre os modos de crucifixão usados no tempo de Cristo.

3 – Inscrição de Pilatos – Uma placa comemorativa encontrada em Cesaréia Marítima no ano de 1962 revelou o nome de Pilatos como prefeito da Judéia. Antes disso, sua existência histórica era questionada pelos céticos.

4 – Cafarnaum – A cidade onde Jesus morou foi escavada e preservada para visitação. Ali é possível se ver os restos de uma sinagoga e uma igreja bizantinas que foram respectivamente construídas sobre a sinagoga dos dias de Jesus e a casa de Pedro, o líder dos doze apóstolos.

Qumran e os Manuscritos do Mar Morto

Um isolado sítio arqueológico foi acidentalmente descoberto por um garoto beduíno em 1947, nas redondezas do Mar Morto junto ao deserto da Judéia. Ali podem ser vistas as ruínas de Khirbet Qumran onde, segundo a opinião de muitos, viveram os antigos essênios, uma facção religiosa judaica que rompera com o partido sacerdotal de Jerusalém.

Mas o achado do garoto foi ainda mais surpreendente. Ele descobriu numa das grutas locais antigas cópias do Antigo Testamento e outros livros judaicos que estavam guardados por quase dois mil anos.
Juntos esses manuscritos (advindos de pelo menos 11 cavernas) formavam uma enorme biblioteca de textos inteiros ou fragmentados que contextualizam o judaísmo dos dias de Cristo. E mais, ajudam a estabelecer a confiança na transmissão texto bíblico, uma vez que não possuímos nenhum dos originais que saíram das mãos dos profetas.

Ocorre que, até ao achado dos manuscritos do Mar Morto, as cópias hebraicas mais antigas da Bíblia datavam do século 10 d.C., ou seja, mais de mil anos depois da produção do último livro vétero-testamentário. E que certeza teríamos, além da fé, de que não houve alterações substanciais no texto? Sendo assim, o achado de Qumran foi bastante providencial pois proveu-nos de cópias da Bíblia Hebraica que datavam de até 250 a.C..

Quando essas cópias foram comparadas ao texto hebraico massorético (aquele tardio sobre o qual baseavam-se as traduções modernas) demonstrou-se claramente que elas confirmavam a fidedignidade da versão que possuíamos. Se a Bíblia tivesse sido drasticamente alterada ao longo dos séculos, os Manuscritos do Mar Morto demonstrariam isso pois, afinal, foram produzidos antes mesmo do surgimento do cristianismo.

O achado de Qumran, pois, constitui a maior descoberta bíblica de todos os tempos.

Conclusão

Certa vez ao entrar glorioso em Jerusalém, Jesus declarou em meio à multidão que ainda que os filhos se calassem, as próprias pedras clamariam (Lc 19:40). Por que não poderíamos ver na arqueologia um cumprimento destas palavras? De uma maneira silenciosa, porém bastante ativa, pedras, cacos de cerâmica, restos de fortalezas e antigos manuscritos clamam que a história é verdadeira, que Deus é tão real que quase dá para tocá-lo.

A arqueologia é certamente um presente do céu aos crentes. Seu conhecimento é uma excelente ferramenta na compreensão, no estudo e na proclamação da Palavra de Deus!

(Dr. Rodrigo P. Silva)

Nota do editor: Este artigo foi produzido por meu amigo jornalista Henderson Rogers e se encontra no blog dele: http://www.nacontramao.blog.br/2014/06/a-arqueologia-e-biblia.html.
 
 

sábado, 28 de junho de 2014

Mães Que Mudaram o Mundo: Maud Ariel Mc Koy Powell


Histórias inspiradoras de mulheres que fizeram a diferença para seus filhos e para o mundo.

A História de hoje é de uma mãe cuja fé em Deus foi uma luz para o mundo. Ela nasceu no dia 04 de Janeiro de 1901, na Jamaica e morreu em 1984 em Nova York, U.S.A.
Ariel Powell ensinou seu filho Colin - o primeiro secretário de Estado afro-americano sob a administração do presidente George W. Bush - a aceitar responsabilidade e sempre fazer a coisa certa.
"Sempre faça a coisa certa", o secretário de Estado Colin Powell disse certa vez a um grupo de formandos da Wake Forest University: "Faça a coisa certa estabelecendo seus próprios padrões interiores de excelência, seus padrões interiores de comportamento e certificando-se de que os está alcançando e superando-os. Faça a coisa certa, mesmo quando não receber nenhum crédito, mesmo quando se machucar. Faça a coisa certa quando não houver ninguém olhando ou quando ninguém ficar sabendo. (na verdade Deus vê e sabe de todas as coisas) Você sempre saberá."
Quando menino, Colin sabia que, se não fizesse a coisa certa, haveria consequências. Seus pais, Maud Ariel ("Arie") Mc Koy Powell e Luther Theophilus Powell, emigraram separadamente para os Estados Unidos na década de 1920, em busca de um futuro financeiro mais promissor. Ambos eram de pessoas de fé, criados na Igreja Anglicana. Depois do casamento na cidade de Nova York, Arie encontrou trabalho como costureira, e Luther foi trabalhar no porto.
Colin passou seus primeiros anos de vida numa área rústica do Harlem, e depois a família se mudou para uma vizinhança perigosa chamada Banana Kelly, no sul do Bronx, no início dos anos de 1940. "Meus amigos eram porto-riquenhos, italianos e gregos", disse Powell. "Toda a minha vida se limitava a alguns quarteirões, com a escola numa extremidade da Kelly Street e a minha igreja, Episcopal St. Margaret, na outra. A igreja era importante para a minha família. Tínhamos o nosso próprio banco, e cheguei a ser coroinha. Depois das aulas, porém, eu ia ao centro judaico, porque meus pais trabalhavam fora e ali era um lugar seguro para mim."
A fé cristã era a pedra angular da família  de Powell. Todos eles eram ativamente envolvidos na Igreja St. Margaret, onde sua mãe era diaconisa, seu pai era zelador e leitor leigo e sua irmã mais velha, Marilyn, tocava piano no culto das crianças. Colin era ajudante do altar e gostava muito da pompa e da solenidade do culto formal, com o cheiro adocicado do incenso e as velas que ele tinha de acender durante o serviço religioso. Quando a igreja organizava bazares, cantinas ou qualquer outro tipo de evento, a família Powell participava e ajudava. Todos eles esperavam assumir alguma responsabilidade e ajudar de alguma forma na igreja.
Um verão, quando cursava o ensino médio, Colin participou de um acampamento da igreja e fez alguns amigos novos que se revelaram uma má influência. Eles o convidaram para sair escondido do acampamento a fim de comprar cerveja e depois esconderam as garrafas numa das cisternas do banheiro, para que ficassem geladas. Achavam que ninguém iria descobrir, No entanto, estavam enganados.
O diretor do acampamento chamou todos os meninos para confrontá-los com o fato de que a cerveja tinha sido descoberta. O sacerdote não esbravejou nem gritou. Ele pediu firmemente que os culpados se levantassem e agissem como homens, assumindo a responsabilidade pelo mau comportamento. Colin Powell, por causa da mão firme de sua mãe ao longo de toda a infância, foi o primeiro a se levantar.
"Padre, fui eu", ele confessou.
Por causa da sua honestidade, dois outros garotos também admitiram o envolvimento. Todos os pais foram notificados, e os meninos foram enviados de volta para casa, tomados de constrangimento. Ao embarcar no trem, Colin pensou no que tinha feito e se arrependeu por ter se deixado envolver. Que situação vexatória para ele e os pais! Ser expulso do acampamento da igreja era a pior coisa que ele poderia imaginar.
Depois de caminhar lentamente da estação de trem até sua casa, Colin foi recebido na porta por sua mãe, carrancuda. Ficou em silêncio enquanto ela fazia um sermão sobre confiança e responsabilidade, consciente de que não havia nada que pudesse dizer para justificar seu mau comportamento. A seguir foi a vez de seu pai dizer quão desapontado estava com ele.
No meio da crise familiar, o padre Weenden - sacerdote de St. Margaret - telefonou para contar aos pais de Colin a história toda - sobre como o filho deles tinha se levantado como um homem e assumido a responsabilidade por suas ações. Arie ficou orgulhosa ao saber que o filho tinha feito a coisa certa.
Por causa da influência da mãe na formação do seu caráter, Colin Powell se tornou um soldado confiável e um conselheiro valioso e leal dos presidentes e de outros estadistas ao redor do mundo. Serviu como conselheiro de segurança nacional do presidente Ronald Reagan e se tornou o primeiro afro-americano a servir como chefe do Estado-Maior no governo de George W. Bush. Em 2001, o Senado americano confirmou sua nomeação como secretário de Estado do governo Bush. Ao ensinar cuidadosamente seu filho a ser uma pessoa íntegra, a influência de Arie Powell foi sentida em todo o mundo.


Pense e reflita: "Felizes são aqueles que vivem uma vida correta, aqueles que sempre fazem o que é certo!" (Salmos 106:3; NTLH). Mães que influenciam o mundo ensinam seus filhos a fazerem o que é certo.
 

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Mães Que Mudaram o Mundo: Elizabeth Anne Everest

Histórias inspiradoras de mulheres que fizeram a diferença para seus filhos e para o mundo.


A data de nascimento da babá de Winston Churchill, a senhora Elizabeth Anne Everest não é revelado. Apenas o que sabemos é que ela morreu no dia 3 de Julho de 1895. Essa babá de Winston Churchill, viveu para instilar a bondade e as verdades bíblicas na vida de um menino infeliz. Quando Winston Churchill era criança, os próprios pais e outros adultos se referiam a ele como um monstro. Ele era incorrigível - dava chutes, gritava e era teimoso. Um dia, ele se postou de forma desafiadora diante de sua babá cristã, Elizabeth Anne Everest, e disse que, antes de fazer o dever de matemática, iria "se ajoelhar e adorar as imagens esculpidas".
Que blasfêmia! Seu blefe funcionou durante algum tempo, mas a srta. Everest era sábia o bastante para perceber que se tratava de um truque do menino e que tal comportamento na verdade escondia uma criança ferida, que precisava desesperadamente de amor e afeto.
Winston nasceu prematuro, no dia 30 de novembro de 1874, no Palácio Blenheim, filho de um casal de classe alta, Lorde e Jennie Jerome Randolph. Churchill; veio ao mundo na era vitoriana, quando as crianças geralmente eram entregues a uma babá assim que nasciam. É improvável que ele tenha criado algum tipo de elo com a própria mãe, que praticamente o ignorava.
Deus, porém, tinha outros planos para confortar aquela criança especial. Alguns meses depois do nascimento de Winston, a srta. Everest (a quem ele chamava de "Woom", diminuitivo de Woomany") foi contratada para ser sua babá, num dia frio de inverno de 1875. Churchill, que se tornou o mais famoso e aclamado autor, orador e político britânico do século XX, escreveu em My Early Life [O começo da minha vida], sua autobiografia: "Eu amava profundamente minha mãe, mas a distância. Minha babá era minha confidente. A srta. Everest era quem cuidava de mim e atendia a todos os meus desejos. Era com ela que eu compartilhava meus problemas."
Sua babá era quem o disciplinava, bem como cuidava dos seus joelhos e lhe dava remédios quando estava doente. Ela lhe contava histórias da Bíblia e foi quem lhe ensinou a orar. Para a srta. Everest, ser babá não era somente uma ocupação, mas um chamado de Deus, que encarava com muita seriedade.
Além de servir como mãe substituta, a srta. Everest foi também a pessoa que ensinou a Churchill os princípios da fé cristã que ele no final abraçaria, unificando seu país e liderando a Grã Bretanha na época da guerra contra os nazistas. Ele acreditava que os nazistas ameaçavam a civilização cristã com seu "paganismo bárbaro" e que a obrigação de cada cristão era "preservar a estrutura da sociedade cristã, humana e iluminada". Tudo isso aprendera com sua babá, que investira a vida naquela criança problemática.
Quando menino, Winston memorizava suas passagens bíblicas favoritas. Ele e "Woom" cantavam hinos da igreja, falavam sobre os heróis da fé e imaginavam em voz alta como Jesus deveria ser ou como seria o céu. Woom explicava ao garoto como era o mundo, em termos cristãos. Como uma devotada intercessora, a srta. Everest, com toda a probabilidade, orava pelo menino adormecido, pedindo ao Pai celestial que cumprisse o propósito poderoso que ela sentia existir na vida de Winston.
No entanto, como muitos jovens de sua idade, quando chegou ao início da idade adultaWinston afundou no racionalismo anticristão que assolava o mundo. Somente quando viajou como jornalista para a África do Sul, durante a guerra dos Bôeres, e foi capturado, ele retornou à fé que tinha aprendido no colo da babá. Numa tentativa ousada, Churchill finalmente escapou da prisão sul-africana e tomou um trem que ia para a África Ocidental portuguesa, tornando-se herói na Inglaterra. A partir daquele momento, sua vida foi definida pela fé.
Violet Asquith certa vez escreveu sobre Churchill que, em sua "infância solitária e infeliz, a srta. Everestfoi sua confortadora, seu baluarte e sua firmeza, sua única fonte de compreensão humana. Ela era a fonte onde ele enxugava as lágrimas e aquecia o coração. Ela era a luz ao lado da cama. Era sua segurança".
Quando Winston Churchill fez um discurso ao mundo por meio do rádio, nos dias sombrios da Segunda Guerra Mundial, ele também era a voz da segurança para as pessoas em todos os lugares - a luz de Cristo brilhando num mundo ameaçado por um mal indizível. Graças a srta. Everest, quando chegou o momento de lierar o mundo, Churchill estava pronto, firmado numa fé forte e inabalável.
A influência de Elizabeth Everest sobre ele sem dúvida afetou o futuro de todas as pessoas do mundo ocidental, porque foram as palavras dela e das Escrituras que havia lido para o menino que ecoaram em seus ouvidos quando ele se levantou contra o mal de Hitler. Assim, Elizabeth Everest foi uma mãe de influência marcante, mesmo não tendo filhos biológicos.
Por trás desse grande homem de visão e força estavam os ensinamentos simples de uma babá abnegada, que cumpriu sua missão ordenada por Deus derramando-se na vida e no destino de um menino. Ela é um exemplo para muitas mulheres que são como mães para crianças que não são seus filhos legítimos.


Pense e reflita: "Pede-me e eu te darei as nações por herança e as extremidades da terra por tua possessão" (Salmos 2:8). Mães que influenciam o mundo compartilham sua paixão por Deus com todos os filhos.



Fonte: Mães que Mudaram O Mundo, histórias inspiradoras de mulheres que fizeram a diferença para seus filhos e para o mundo. Editora Habacuc 2005, Rio de Janeiro, pg. 18.
A História que editei aqui ontem em meu blog sobre a Angelena Rice se encontra no mesmo livro mas na pg. 15.

Nota dos editores: A Equipe editorial pede desculpas por não haver relatado onde se encontrava a história de Angelena Rice no rodapé do artigo.



 

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Mães Que Mudaram o Mundo: Angelena Rice



Histórias inspiradoras de mulheres que fizeram a diferença para seus filhos e para o mundo.

Durante algum tempo estive pensando em escrever biografias de mulheres que foram transformadas por sua fé em Deus. Quando recebi de minha mãe o livro Mães Que Mudaram O Mundo da editora Habacuc, fiquei feliz e comecei a ler as histórias que ali tinham. Fiquei simplesmente encantado com o livro, muitas histórias de profundos ensinamentos tanto bíblicos como acadêmicos. Mas todas elas procuravam ou procuram (aquelas mães que vivem ainda com seus filhos) atribuirem seu sucesso a Pessoa maravilhosa de Jesus. Hoje tenho a oportunidade de apresentar à vocês leitores, seguidores e apreciadores do meu querido blog(que por sinal está sendo um tremendo sucesso, diga-se de passagem) uma dessas histórias que li enquanto estava fazendo minha comunhão com Deus. Tenho certeza que você conhece essa foto que apresento. Essa pessoa já morreu mas, deixou profundas marcas na mente e na vida de sua filha Condoleeza Rice. Seu nome? Angelena Rice. Nossas mães são nossas primeiras professoras. Elas nos ensinam a comer com a colher, a lavar nossas mãos depois de brincar e a compartilhar nossos brinquedos. Mas em primeiro e o principal , nossas mães são as guardiãs da chama de nossa fé, nos ensinando a conhecer, amar e servir a Deus. Sua influência em nossas vidas é muito valiosa para calcular. E as ondas dessa influência são inestimáveis através das gerações. Só conheceremos essas valiosas influências e seu desprendimento por nós, quando estivermos no Lar de Glória morando com nosso Senhor Jesus Cristo. Tive o máximo de cuidado de apenas colocar aqui histórias que retratem o valor da fé e da educação, creio que estas duas bases sejam o principal caminho para o sucesso na vida.
Mãe de Condoleeza Rice, Angelena Rice transmitiu à filha o amor pela música, um legado de educação superior, um senso de valor pessoal e uma ousada fé religiosa. Um dia, sua filha serviria como conselheira de segurança nacional e secretária de Estado do governo do presidente George W. Bush.

A linda e alta negra e sua filha de 7 anos observaram com cuidado as roupas infantis coloridas antes de escolherem um conjunto para a menina provar. Elas se encaminharam para o provador, mas seu caminho foi bloqueado por uma vendedora branca. Corria o ano de 1961 em Birmingham, Alabama, e a segregação racial era a lei que imperava no Sul. "Esta cabina é reservada para clientes brancos", disse a vendedora; a seguir encaminhou Angelena Rice e Condi a um depósito reservado para pessoas "de cor". Essa situação não se ajustou bem com Angelena, que conhecia sua posição em Cristo. Ela era professora de música e ciência na escola de ensino médio para negros e com muito mais estudo do que a mulher que bloqueava o seu caminho. De modo firme, sem hesitação, Angelena disse à vendedora que sua filha provaria a roupa naquela cabina; do contrário, procuraria outra loja onde fazer a compra. A vendedora hesitou. Ela poderia perder o emprego, mas com certeza perderia a comissão se mãe e filha procurassem outra loja. Condoleeza ainda se lembra de como a vendedora ficou nervosa e apreensiva ao encaminhá-las a um provador reservado para brancos; ela ficou em pé, vigiando a porta, temendo que alguém visse que permitira que as duas entrassem.
Em outra ocasião, quando um vendedor repreendeu a pequena Condi por ter tocado num chapéu, Angelena disse à filha que tocasse em todos os chapéus da loja. Condoleeza Rice obedeceu, alegremente. Angelena estava totalmente determinada a não permitir jamais que o racismo atrapalhasse o futuro da filha. Desde a época da escravidão, a família de Condoleeza Rice tinha usado a educação e a fé em Deus como um meio de superar o preconceito racial. Ainda pequena, Condi aprendeu a ler e, aos 3 anos de idade, começou a ter aulas de piano, francês, e, além disso, de patinação artística. John, seu pai, era pastor da Igreja Presbiteriana Westminster, em Birmingham, e se tornou deão do Stillman College, onde o avô dela tinha se formado. Mais tarde, ele serviria como vice-presidente da Unversidade de Denver.
Condi, que concluiu o ensino médio aos 15 anos, era a terceira geração de membros da família Rice a ir para a faculdade. Na Universidade de Denver, ela começou como aluna de música. No entanto, Condoleeza logo percebeu que jamais seria boa o bastante para competir com outros alunos talentosos e, por isso, logo procurou outra área. Não demorou a descobrir sua vocação: ficou simplesmente fascinada com os estudos internacionais. Aos 19 anos, ela recebeu o diploma de bacharel e saiu em busca do doutorado.
Aos 26 anos, Condoleeza era professora assistente na Universidade de Stanford, mas isso não era suficiente para satisfazer suas ambições. Doze anos mais tarde, tornou-se a primeira e a mais jovem mulher negra a servir como administradora de Stanford. Condi aumentou a sua longa lista de "primeira" unindo-se a campanha de Bush e se tornando a primeira mulher do país a servir como conselheira de segurança nacional, vindo depois a ocupar o importante cargo de secretária de Estado do governo George W. Bush. Sem dúvida, seu sucesso surpreendente se deveu, pelo menos em parte, à mãe, que lhe ensinou que ela era filha de Deus e que, com ajuda Dele, poderia fazer qualquer coisa.

Pense e reflita: "Gloriamo-nos na esperança da glória de Deus. E não somente isso, mas também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança. Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado" (Romanos 5:2 a 5). Mães que influenciam o mundo ensinam aos filhos sua posição em Cristo.