Para muitas pessoas, o biólogo Richard Dawkins é o “ateu mais famoso do
mundo”. Autor de best sellers como “Deus: um delírio” e “o Gene egoísta”, entre
outros, ele surpreendeu a muitos com algumas declarações na última semana. Na
quinta-feira (23), Dawkins participou de um debate com o arcebispo de
Canterbury, Dr Rowan Williams, na universidade de Oxford.
Williams é a autoridade máxima da Igreja Episcopal Anglicana, a igreja
oficial da Inglaterra. O tema do debate era o papel da religião na vida pública
da Grã-Bretanha e foi transmitido pela internet. O filósofo Anthony Kenny
serviu como moderador do debate, fez perguntas e interagiu com o público.
Durante o diálogo, que durou cerca de 100 minutos, muitas provocações,
mas também respeito mútuo e bom humor. Dawkins reafirmou que para ele Deus é um
delírio, mas que não poderia ter 100% de certeza que Deus não exista. Como
cientista, ele acreditava que as probabilidades de existir um criador
sobrenatural “seriam muito, muito baixas”.
Mencionou o conhecido “espectro de sete pontos de credibilidade teísta”.
Nessa tabela, 1 seria a certeza completa e perfeita de que Deus existe. O 7
seria a completa certeza de que ele não existe.
Dawkins afirmou que nenhum cientista poderia saber com convicção
absoluta que qualquer coisa não exista, seja Deus ou qualquer outra coisa. Por
isso ele, se colocou como 6,9 na escala. Ou seja, não é totalmente ateu. O
filósofo Anthony Kenny, interveio: “Por que então você não se chama de
agnóstico”. Dawkins concordou que seria melhor.
A repercussão foi imediata na internet, sobretudo no Twitter. O jornal
Washington Post deu como manchete “Richard Dawkins disse que não esta
completamente seguro que Deus não existe”. Segundo o Post, Richard Dawkins
“surpreendeu o público on-line e que estava no teatro ao fazer a concessão de
uma brecha pessoal de dúvida sobre sua convicção de que não há um criador”.
Disse ainda que Dawkins não teria mais “100% de certeza de que Deus não
existe”.
O inglês Daily Telegraph esclarece que se alguém não tem certeza que
Deus não existe poderia se denominar agnóstico. Isso mudaria a maneira como
Dawkins passaria a ser visto pela comunidade ateísta mundial.
Durante grande parte da discussão, o arcebispo ouviu calmamente as
explicações de Dawkins sobre a evolução humana. Em um determinado momento, o
religioso disse que foi “inspirado” pela “elegância” das explicações do
professor para as origens da vida. O Professor Dawkins então perguntou: “O que
eu não consigo entender é por que você não pode ver a extraordinária beleza da
ideia que a vida começou a partir do nada. Isso é algo tão incrível, elegante e
bonito. Por que você quer estragá-lo com algo tão bagunçado como um Deus? ” O
biólogo finalizou, dizendo acreditar ser altamente provável que haja vida em
outros planetas. [...]
Nas últimas semanas Richard Dawkins tem sido assunto constante na mídia
britânica. Primeiro por ter se equivocado durante um debate com o pastor Giles
Frase. Acusando os cristãos de sequer saber o nome dos livros da Bíblia, ele se
atrapalhou ao ser perguntado pelo pastor qual seria o título completo do mais
famoso livro do evolucionismo “A Origem das Espécies”. Dawkins não soube
dizer o subtítulo da obra de Charles Darwin e foi motivo de piada.
Alguns dias depois, o jornal The Guardian publicou uma matéria mostrando
que os antepassados paternos do cientista fizeram fortuna explorando a escravidão
na Jamaica, em uma fazenda de plantação de cana de açúcar. Dawkins disse na
ocasião que não poderia ser responsabilizado por isso e que a mídia está
tentando fazer uma “campanha de difamação” contra ele.
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