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segunda-feira, 14 de novembro de 2011

144.000

Saiba mais sobre a identidade do povo que vai Enfrentar e Vencer a Crise Final. Um dos temas que mais intrigam os adventistas e os cristãos em geral são os 144 mil de Apocalipse. Muitos não compreendem nem mesmo os aspectos mais básicos em relação a eles – se o número é literal ou simbólico, se eles fazem parte da chamada “grande multidão” e, principalmente, quem são eles. Em grande parte, isso se deve a um conselho de Ellen White, de se evitar discussões inúteis sobre esse assunto, assim como os outros não essenciais para a salvação (Eventos Finais, 268). No entanto, ela mesma citou esse grupo dezenas de vezes em seus escritos, relacionando-os a acontecimentos cruciais para o povo de Deus no tempo do fim, como o selamento e a grande tribulação. Tamanha foi a importância desse grupo em seu ministério profético, que os 144 mil foram representados logo em sua primeira visão, sobre o povo do advento (Primeiros Escritos, p. 15-23). Apesar de haver escrito tanto sobre os 144 mil, Ellen White nunca os definiu claramente. A própria Igreja até hoje não tem uma posição oficial abrangente sobre o assunto. Embora o Instituto Bíblico de Pesquisas, órgão oficial da sede mundial, interprete o número como simbólico (Pfandl, Gerhard. “Information on the Seventh-Day Adventist Reform Movement”. Biblical Research Institute. Num ponto deste artigo , a crença reformista de que 144 mil é um número literal é posta em contraste com a crença adventista do sétimo dia de que o número é simbólico. Disponível em: HTTP://migre.me/5NUPA), a Igreja não determina oficialmente essa compreensão como uma crença. (Nichol, F. D. (Ed.). Seventh-Day Adventist Bible Commentary , v.7. (Hagerstown, MD: Review and Herald, 1980). P. 783. E, apesar de Seventh-Day Commentary declarar que, até à época de sua reedição (1980), os adventistas favoreciam a interpretação de que os 144 mil são um grupo especial do povo de Deus nos últimos dias – um grupo à parte da grande multidão (Ibid., 785) - , essa também não era nem é até hoje uma posição oficial da Igreja. O assunto ainda está em estudo, e o que se enfatiza não é quem são os 144 mil, mas, sim, como ser parte deles, como alcançar a salvação. (Ibid., p.783). Por outro lado, se Ellen White condenou discussões inúteis, também encorajou os adventistas a não desistir de buscar conhecer cada vez mais a Bíblia e as profecias (Caminho a Cristo, p. 112 e Conselhos Sobre a Escola Sabatina, p. 23). Em uma de suas mais fortes declarações, ela afirmou: “A história da igreja nos ensina que o povo de Deus não deve ser estereotipado em suas teorias da fé, mas preparar-se para nova luz, para abrir a verdade revelada em Sua palavra (Cristo Triunfante, p. 317). Portanto, os ensinos e profecias da Bíblia podem e devem ser compreendidos cada vez à medida que o tempo passa e os estudos progridem. Aspectos como a justificação pela fé, que Ellen White não compreendia inicialmente, foram entendidos por ela décadas depois. Da mesma maneira, partes da Bíblia que ela não entendia, pela falta de estudos mais profundos à época, hoje podem ser mais bem compreendidas (assim como Daniel não entendia suas próprias profecias, mas hoje podemos compreendê-las, ver Dn 12:4). Avanços Nas últimas décadas, diversos estudos envolvendo os 144 mil têm sido divulgados por meios oficiais da Igreja, como o Instituto Bíblico de Pesquisas (BRI), sigla em Inglês, lançando mais luz sobre o assunto. Uma importante coleção de materiais sobre Daniel e Apocalipse lançada no início dos anos 1990 é a série Daniel 7 & Revelation Comitee Series, conhecida como “Darcom”. Num dos volumes da coleção, um capítulo escrito por Beatrice Neall, Sealed Saints and the Tribulation (“Os Santos Selados e a Tribulação”) trata diretamente dos 144 mil (Frank Holbrook (ed.). Beatrice Neall. “Sealed Saints and the Tribulation” Symposium on Revelation – Book l. Daniel & Revelation Comitee Series. (Hagerstown, MD: Review and Herald, 2000),p. 245- 278.). Nesse estudo, um ponto especial pode ser destacado: a relação entre os 144 mil e a “grande multidão” de Apocalipse 7. Em vez de enfatizar as diferenças entre ambos os grupos, a autora apresenta diversas “marcas de identificação” entre eles – evidências de que podem constituir um só grupo. Assim como ela, outro acadêmicos adventistas, como Ekkehardt Mueller, um dos diretores associados do BRI, também favorecem essa posição. Os 144 mil são apresentados em duas seções, em Apocalipse: 7:1-8 e 14:1-5. No capítulo 7, o relato sobre os 144 mil é seguido pela descrição de uma multidão inumerável. A primeira grande evidência de que os 144 mil e a grande multidão podem ser o mesmo grupo é a própria estrutura do livro de Apocalipse. O capítulo 7 é um hiato, um parêntese entre o sexto e o sétimo selos. Ele responde a uma pergunta básica feita pelos ímpios no sexto selo. Diante da expectativa da vinda de Jesus, os ímpios clamam aos montes e aos rochedos: “Caí sobre nós e escondei-nos da face dAquele que Se apresenta no trono e da ira do Cordeiro, porque chegou o grande dia dEles; e quem é pode suster-se?” (Ap 6:16,17). Parafraseando, “quem poderá ficar de pé quando Cristo voltar?” Em 7:9, a resposta é direta: “Depois destas coisas, vi e eis grande multidão que ninguém podia enumerar... em pé diante do trono e diante do Cordeiro” (v.9). Mais à frente, no livro, os 144 mil são vistos em pé junto ao Cordeiro, no monte Sião (Ap 14:1). Os 144 mil e a grande multidão são descritos em momentos diferentes, como os únicos que podem ficar de pé diante de Cristo, em sua vinda à Terra. Isso deixa claro que ambos são o retrato do povo de Deus que estará vivo por ocasião da vinda de Jesus. A questão é: eles são dois grupos ou um só? Um grupo Assim como Beatrice Neall, Ekkehart Mueller, em seu artigo The 144,000 and the Great Multitude (“Os 144 mil e a Grande Multidão), apresenta argumentos convincentes em favor de que ambos os grupos são um só: (1) João ouve o número dos selados (144 mil), mas, na sequência, contempla uma grande multidão (7:4,9), assim como em 5:5,6 ele tinha ouvido sobre um Leão, mas viu um Cordeiro; (2) no capítulo 7, os 144 mil são os justos do tempo do fim descritos ainda na Terra; a grande multidão é um retrato desse povo já no céu; (3) os 144 mil são a descrição do povo de Deus no tempo do fim, que vai passar pela grande tribulação (representada pela liberação dos ventos); a grande multidão são os que já passaram pela tribulação (7:3,14); (4) os 144 mil são os selados antes da liberação dos ventos (7:3); a grande multidão logicamente precisou ser selada antes de passar pela grande tribulação (7:14). (Mueller, Ekkerhardt. The 144,000 and The Great Multitude”. Biblical Research Institute. Disponível em HTTP://migre:me/5NURu. O selamento e a grande tribulação são as principais marcas de identificação, conforme Neall chama, entre os 144 mil e a grande multidão. Ambas as marcas dão fundamentos para se enxergar semelhanças, não diferenças, entre os grupos. Os dois grupos foram selados e passaram pela tribulação. Não é a toa que, no livro O Grande Conflito, p. 648, 649. Ellen White se referiu aos 144 mil, citando versículos referentes à grande multidão (Ap 7:14-16). Assim, resta uma dúvida: o que poderia diferenciar os 144 mil da grande multidão? Haverá dois grupos de justos vivos quando Cristo voltar? Alguns argumentam que os 144 mil são as “primícias” (Ap 14:4), um grupo especial em relação a grande multidão. No entanto, “primícias” pode se referir aos 144 mil como os primeiros frutos da “colheita universal de redimidos de todas as eras”. Diante disso Mueller conclui que “é melhor entender que os 144 mil e a grande multidão são o mesmo grupo, visto por diferentes perspectivas.” Para ele, os 144 mil representam um “termo simbólico”, enquanto a grande multidão “descreve como a realidade”. O simbolismo dos 144 mil pode encontrar sua realidade na grande multidão em diversos outros aspectos, entre eles (1) origem étnica – João ouviu de um grupo composto por 12 tribos de 12 mil filhos de Israel, mas viu uma multidão de tribos (7:9); (2) número – João ouviu um número exato, mas viu uma multidão inumerável (3) (7:4, 9); (3) pureza – os 144 mil são descritos como puros, sem mancha, assim como a grande multidão vestidas de vestiduras brancas (14:4. 5; 7:14; (4) proximidade ao Cordeiro – os 144 mil “seguem o Cordeiro para onde quer que vá”, assim como a grande multidão serve de “dia e de noite” diante do trono e do Cordeiro (14:4; 7:15, 17); (5) serviço – os 144 mil são “servos de Deus”, e a grande multidão também “serve a Deus”(7:3, 15). Hans K. LaRondelle, eminente teólogo adventista, apontou os 144 mil como povo remanescente de Deus no tempo do fim, fiéis de todas as nações que guardam os mandamentos de Deus e têm a fé em Jesus” (Ap 14:12). Segundo La Rondelle, eles enfrentarão a crise final promovida no mundo pelo anticristo. Ou seja, ele enxerga nos 144 mil um simbolismo do remanescente que passará pela grande tribulação. (LaRondelle, Hans K. “Profhetic Basis of Adventism” Adventist Review. 1° de Junho-20 de Junho, 1989. Disponível em HTTP://migre.me/5NURX). Diante das evidências apresentadas, torna-se ainda mais claro que o número 144 mil é simbólico. O próprio contexto das passagens indica isso: tanto no capítulo 7:1-8, como em 14:1-5, a linguagem diretamente ligada aos 144 mil tem forte simbolismo – ventos, quatro anjos, quatro cantos, selamento na testa, homens virgens, doze tribos de Israel (a maioria extinta, além de a lista não corresponder à original dos doze patriarcas), etc. É mais coerente entender os 144 mil das 12 tribos de Israel como que simbolizando a unidade, perfeição, completude e vastidão da Igreja de Deus. (Neall, Ibid. 262, 269). Portanto, é possível concluir que os 144 mil simbolizam a grande multidão – a multidão inumerável que atravessará a crise final da Terra. Há razões para se acreditar que Jesus não virá para buscar um pequeno grupo de remidos, nem dois grupos de justos vivos na Terra, mas um remanescente fiel composto por uma multidão inumerável de todas as nações. Virá buscar um povo que terá passado por muitas dificuldades, mas que contou com a proteção de um Deus que lhes enxugará pessoalmente “toda lágrima” (Ap 7:17. Mais importante ainda é nos prepararmos para pertencer a esse grupo.

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