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domingo, 13 de novembro de 2011

Sábado Online

Consumir o tempo livre para esconder a falta de sentido Deus é contra o ócio? Cuidado, pense antes de responder. Vamos aos fatos. No Éden, Deus ordenou que Adão e Eva cultivassem o jardim. Esse é um argumento contra o ócio. Mas qual foi a primeira experiência na vida de Adão e Eva? Foi o sábado, um dia de... ócio! Deus tinha, sim, a intenção de que as criaturas tivessem tempo livre, e criou um dia especificamente para isso, para que fosse um momento em que o ser humano estivesse liberado de obrigações e pudesse se relacionar plenamente com o Criador e com o restante da criação. As tardes de sábado no Twitter, Orkut, Facebook, MSN, e em outras redes sociais não negam: para muitos de nós, jovens adventistas, descanso sabático virou sinônimo de bate-papo na rede. Não podemos julgar os motivos, mas propor aqui uma reflexão sobre essa prática e o que está implícito nela. Uma das formas que o ser humano encontrou de ocupar o tempo livre é o consumo. Já estamos “vacinados” contra o argumento de consumismo de bens e serviços, esses que a gente vê por aí embelezando as vitrines, sejam elas das ruas ou das telas. Além disso, como nos custam dinheiro, não podemos simplesmente comprar produtos o tempo todo. Mas raramente percebemos um outro consumo, que é imaterial, intangível e muito mais barato, características que o tornam ainda mais eficaz e irresistível: o consumo de “símbolos”, isto é, de imagens, informação, dados, que chegaram a nossa vida através de máquinas produzir comunicação como a televisão e o computador. Sendo assim, mesmo o bate-papo na rede é uma forma de participar dessa lógica de consumo. Mas qual a diferença entre conversar presencialmente ou na rede? Para responder, farei uma outra pergunta: você já conversou com alguém na internet deixando apenas a janela daquela pessoa aberta, concentrando-se permanentemente no que ela dizia, sem abrir outras janelas, sem clicar em mais nada, sem sequer tocar no computador a não ser para responder ao outro? Pois é, provavelmente não, justamente porque é isso que nos atrai na internet, essa possibilidade de preencher todo tempinho livre. Com computador ou outra máquina digital diante de nós, não temos que ficar esperando o outro elaborar seu raciocínio. Enquanto o outro pensa e escreve, podemos ir clicando e vendo fotos. Enquanto uma pessoa demora a responder, podemos acionar outra. Vendo bem, o que importa não é o outro, mas sim, preencher o tempo com o(s) outro(s). O Twitter sintetizou muito bem isso. A todo instante chega o tweet de alguém, assim ficamos o tempo todo ocupados. A rede é nossa aliada preferida na arte de matar o silêncio. Na conversa pela rede, a outra pessoa é muitas vezes somente um álibi para o que realmente queremos: matar o tempo, que é a verdadeira razão do consumo simbólico. E isso passa a ser uma necessidade a partir do momento em que o tempo livre não faz sentido, diferentemente do que Deus havia planejado. Ellen White diz que “Satanás bem sabe que todos os que negligenciam a oração e o estudo das Escrituras serão vencidos por seus ataques. Portanto, inventa todo artifício possível para ocupar a mente” (O Grande Conflito, p. 296). Deus sabia que era necessário ter tempo livre. Por isso, antes mesmo do trabalho, criou o sábado, tempo para se relacionar com Ele, para ler a Bíblia e orar. Se o tempo que Deus separou para Ele está sendo usado para “consumir”, pode ser que o sentido esteja em falta também em nossas vidas. E, para um cristão, esse é um sintoma muito sério para ser ignorado.

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