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domingo, 5 de abril de 2009

O Fantástico Natal de 1917

O Natal de 1917 ocorreu durante a Primeira Guerra Mundial. Na França, exércitos de milhões de soldados enfrentavam-se uns aos outros em desesperados ataques. Eles viviam em frias e lamacentas trincheiras no solo, os alemães e os aliados em linhas paralelas, com centenas de metros de arame farpado, e uma faixa de “terra de ninguém” entre eles. Cada lado golpeava o outro com milhões de bombas e gases venenosos. Dezenas de milhares eram feridos e mortos.
Ao descerem as sombras da noite de natal, os homens pensaram com saudade no natal em seu lar.
E essa saudade os fez odiar ainda mais a horrível guerra que se travava. Ela parecia tão pecaminosa, comparada ao natal.
Repentinamente, às 10:30 h da noite, a artilharia alemã parou de atirar. Os soldados aliados se perguntaram o que estaria acontecendo. O que estariam os alemães aprontando agora? Estariam se preparando para usar gases venenosos de novo, ou seria esse o intervalo antes do ataque maciço?
Não muito tempo depois, os canhões dos aliados, na retaguarda, ficaram silentes também. Os soldados, nas trincheiras, aguardavam ansiosamente em meio a estranha calmaria que se abateu sobre a frente de batalha. Isto tão estranho, após o estrondear da artilharia, que os soldados falavam cochichando.
Então chegaram as incríveis notícias: o alto comando alemão havia solicitado uma trégua para o natal! Quando faltavam dez minutos para a meia-noite, os clarins soaram o toque de cessar fogo. A trégua era oficial! De ambos os lados fogueiras iluminaram a escura noite.
Os aliados viram então os solados alemães sair de suas trincheiras sem quaisquer armas. Pararam junto aos montões de barro e tiraram seus capacetes. Daí alguém começou a cantar: “Tudo é paz. Tudo amor”.
Pasmados, os soldados aliados saíram também de suas trincheiras e uniram suas vozes no maravilhoso hino de natal.
Antes de terminarem, engenheiros de ambos os lados estavam abrindo caminho no arame farpado. Momentos depois, soldados que haviam sido inimigos passaram através dos rombos abertos no arame. De mãos estendidas, eles se cumprimentaram como se fossem amigos que há muito não se viam. Intérpretes ajudavam-nos quando possível, mas as diferenças lingüísticas não pareciam ter importância.
Alegremente mostraram fotografias de familiares. Experimentaram os chapéus e capas uns dos outros, e riram de sua aparência.
Então alguém sugeriu que deveriam dar presentes também. E assim, eles voltaram apressadamente às trincheiras a fim de ver o que encontrariam. Os aliados trouxeram latas de doces e carne, e os alemães lhes deram longas salsichas.
Os capelães dos dois lados improvisaram um serviço religioso. E os soldados alemães e aliados celebraram juntos a Ceia do Senhor.
Então, deram-se as mãos, e cantaram: “Benditos, sagrados serão os laços fraternos do amor.”
Ninguém quis dormir naquela noite. A feliz comunhão continuou após o romper do dia e durante quase toda manhã. Um pouco antes do meio-dia começou a cair neve, e os homens tiveram de abrigar-se em suas trincheiras. Momentos depois a artilharia se mobilizou para a ação, e o terrível morticínio começou outra vez.
A trégua não havia durado muito! Apenas doze horas de paz em quatro anos de derramamento de sangue. Mas forneceu um vislumbre do paraíso que poderia ser este mundo se os homens seguissem o Príncipe , o Cristo do natal.

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